POR QUE FAZER A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA E QUAL SUA IMPORTÂNCIA?





“A Hermenêutica é a ciência tanto bíblica quanto secular, que se ocupa dos métodos e técnicas da interpretação. É, basicamente, o estudo da compreensão de textos.” [1]
Portanto, a Hermenêutica Bíblica é a disciplina da Teologia Exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente. Seu objetivo primário é estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o verdadeiro sentido expressado pelo autor ao redigir as Escrituras.

ETAPAS DO ESTUDO BÍBLICO[2]:
·         Observação - consiste na pergunta: “Que diz o texto?”.
·         Interpretação – indaga: “Que quer dizer?”.
·         Aplicação – questiona: “Como se aplica a mim?”.

Por Que Fazer a Interpretação Bíblica?

A mera leitura da Bíblia não significa que o leitor compreendeu o significado daquilo que leu.Entre as várias etapas concernentes ao estudo bíblico, a primeira delas consiste na observação do que a Bíblia diz. Porém a simples observação pode gerar dúvida sobre o que realmente diz o texto lido, causando confusão e interpretações errôneas.

Exemplo (Filipe e o Eunuco – Atos 8.26-31)O episódio do evangelista e do eunuco mostra que uma orientação adequada ajuda as pessoas a interpretar o que leem na Bíblia. A pergunta “compreendes o que vens lendo?” indicava a possibilidade de o leitor não estar entendendo, mas, também, que era possível entender. Aliás, quando o tesoureiro pediu que lhe explicasse a passagem, estava reconhecendo que, sozinho, não era capaz de entendê-la corretamente e que sentia necessidade de ajuda para interpretá-la (ZUCK, 1994, p.10).

Por Que a Interpretação Bíblica é Importante? 
  
É necessária a interpretação bíblica para corretamente aplica-la aos dias atuais. Porém, é fundamental compreendermos o sentido textual para a época em que foi escrito, com o fito de aplica-lo corretamente na atualidade. Talvez esta seja a mais difícil e exigente das etapas que compreendem o estudo bíblico. Porém, quando este procedimento interpretativo torna-se único no processo do estudo bíblico, podem ocorrer muitos e graves erros, bem como, resultados dissociados da verdade. 
Uma das modalidades que vem crescendo no meio evangélico é o estudo bíblico informal, onde grupos pequenos de pessoas se reúnem em suas casas ou igrejas com o nobre intuito de estudar e debater a Bíblia, porém será que esses indivíduos estão de fato preparados para chegarem a um consenso hermenêutico sobre cada passagem analisada? Segundo Roy B. Zuck, “estudar a Bíblia dessa forma, sem as diretrizes apropriadas da hermenêutica, pode gerar confusão e interpretações que se encontram até em inequívoco desacordo (ZUCK, 1994, p. 11)”.
Essas divergentes interpretações destacam o fato de que nem todos os leitores da Bíblia seguem os mesmos princípios interpretativos. Logo, a inexistência de uma hermenêutica coerente, terminará por causar ignorâncias, desmandos e difamação bíblica.


A Interpretação Sucede a ObservaçãoA interpretação é a etapa essencial do estudo bíblico. Ao interpretar a bíblia o leitor é conduzido à reflexão. Logo, este processo interpretativo deve apoiar-se primeiramente na observação e, depois, conduzir à aplicação. Ela é um meio que visa um fim, não um fim em si mesma (ZUCK, 1994, p. 13).  A interpretação conduz o leitor, da leitura e observação, ao nível da aplicação praxística. Por meio do estudo bíblico procuramos compreender o que Deus nos diz por meio dos textos sagrados, cujo objetivo é conduzir o leitor uma compreensão mais íntima da mensagem contida no texto e não apenas superficial. 
Por meio da interpretação o crente é conduzido à maturidade espiritual, tornando-se mais parecido com Cristo. Esse processo de maturidade, portanto, consiste na aplicação dos conhecimentos bíblicos às nossas necessidades espirituais e atuais.

Em 2 Timóteo 3.16,17 (ARA): “Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. 

Percebe-se no texto anteriormente citado, a exposição da utilidade da Palavra de Deus, pois sendo Divinamente inspirada é útil para:
a)      Ensino: Transferência de conhecimento ou informação;
b)   Repreensão: Advertência feita pelo superior hierárquico em relação a um ato praticado pelo seu subordinado.
c)     Correção: Ato ou efeito de pôr em bom estado ou em boa disposição alguma coisa que apresenta defeito, erro, falha ou necessita de conserto.
d)  Educação: Aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano.

Portanto, quando a interpretação bíblica é efetuada de maneira incorreta, a teologia individual ou coletiva, de um indivíduo ou da igreja, tornar-se-á desorientada, superficial e desequilibrada. O teólogo francês Claude Geffré afirma: “Evidentemente o risco da interpretação – nunca devemos esquecê-lo – é o risco da deformação, da distorção e do próprio erro. Mas, quando se trata do cristianismo, é também o risco puro e simples da fé. (...) O risco de, por falta de audácia e lucidez, só transmitir um passado morto não é menos grave do que o do erro (GEFFRÉ, 1989, p.5-6)”.
A frase supracitada sintetiza a “tarefa de todo cristão e, em particular, de todo teólogo: interpretar as verdades de fé para novos tempos e contextos sem deixar de manter-se fiel a essas mesmas verdades. (...) é preciso assumir a possibilidade do novo, da descoberta de sentidos cada vez mais maduros para nossas experiências de fé, pois somente assim o conhecimento teológico pode avançar. Certamente que essa tarefa não é fácil. O teólogo Paul Tillich afirma que não foram muitas as teologias que conseguiram equilibrar uma honesta fidelidade à verdade com a necessidade de reinterpretá-la para novas gerações (REIS, 2011, p.11)”.

Logo, a interpretação bíblica precisa ser imparcial, dissociada dos “grandes paradigmas” estabelecidos pela religiosidade ao longo dos tempos. Inclusive, segundo afirmação de Calvani, todos os sistemas paradigmáticos estão caindo em ruínas: “A condição pós-moderna caracteriza-se pela desconstrução dos discursos e estatutos científicos clássicos e, por conseguinte, por uma intensa fragmentação, dissolução de laços e fidelidades institucionais (CALVANI, 2004)”.

Fraternalmente em Cristo,
Ângelo dos Santos Monteiro

 REFERÊNCIAS 
  
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada.10ª Impressão. Rio de Janeiro: Cpad, 2003. 344p.
CALVANI, C.E.B. Desafios da Teologia Latino-americana para nossos dias. In:Simpósio. São Paulo: ASTE, vol. 10 (2), n. 46,2004. p. 42-57.

GEFFRÉ, C. Como fazer Teologia hoje: Hermenêutica teológica. São Paulo: Paulinas, 1989.
REIS, Gustavo Soldati. Introdução a Teologia. Dourados: UNIGRAN, 2011. 92p.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994. 356p.



[1]BENTHO, Esdras Costa.Hermenêutica Fácil e Descomplicada. CPAD, Rio de Janeiro – 2003 – 10ª Impressão – 344 páginas.
[2] ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994. 356 p.
fonte blog do angelo

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